Síndico de condomínio é preso após ação contra despejo de esgoto na Represa do Salto Grande

Condomínio passou por fiscalização na última quinta-feira

O síndico do Iate Clube de Americana foi preso pela Polícia Civil, suspeito de crime ambiental pela omissão no despejo de esgoto sem tratamento na Represa do Santo Grande, em Americana.

Ele foi levado à delegacia na última quinta-feira (28), mas acabou solto após o pagamento de fiança no valor de R$ 1,5 mil. O advogado do síndico foi procurado pela reportagem, mas não respondeu o contato até o fechamento desta matéria. O LIBERAL também esteve no condomínio, na tarde desta segunda-feira (2), mas nenhum responsável foi localizado para comentar o assunto.

Segundo o boletim de ocorrência, policiais civis do 1º Distrito Policial, com o apoio da Vigilância Sanitária, estiveram no Iate Clube de Americana para checarem uma denúncia sobre despejo de esgoto na represa. Na estação de tratamento de esgoto, eles constataram alguns reservatórios cheios de esgoto in natura, exalando forte odor.

Observaram ainda que nenhum equipamento, entre eles o aerador ou a bomba de cloro, funcionava corretamente, ocasionando o descarte direto de resíduos na Represa do Salto Grande. Os policiais também usaram um drone durante a averiguação.

Delegado fala sobre descarte

Em entrevista ao LIBERAL, o delegado Filipe Rodrigues de Carvalho falou sobre o caso.

“Constatamos que as etapas de filtragem do esgoto in natura não eram suficientes para evitar o descarte de materiais com alta ‘DBO’, ou seja, demanda biológica de oxigênio, fator que atua diretamente na poluição hídrica, eis que atinge o percentual de oxigênio presente na água. Localizamos, inclusive, diversas carcaças de peixes e grande quantidade de aguapés”, explicou.

Delegado Filipe Rodrigues de Carvalho disse que vai esperar laudos para dar andamento no inquérito
Foto: Claudeci Junior/Liberal

Segundo Carvalho, a equipe verificou que, abaixo da estação de tratamento de esgoto, ainda havia uma marina e mais imóveis, como academia e quiosques, restando apurado que o esgoto in natura era possivelmente descartado sem nenhuma espécie de tratamento químico. O síndico esteve na estação de tratamento, acompanhado de dois advogados e apresentando cópias de laudos mensais confeccionados por um laboratório contratado, mas a polícia destacou que deveriam ser diários. Nenhum responsável técnico esteve no local.

O delegado diz que vai esperar os resultados dos laudos periciais e da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para dar andamento no inquérito sobre o caso. Procurada pelo LIBERAL, a prefeitura informou que o DAE (Departamento de Água e Esgoto) e a Vigilância Sanitária apenas acompanharam tecnicamente a ocorrência a pedido da Polícia Civil, pois a fiscalização de estação de tratamento de esgoto é particular e de responsabilidade da Cetesb. A companhia foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta matéria.

 

Fonte: O liberal