Moradores do condomínio Central Park denunciam estado de abandono e pedem na justiça destituição do síndico

Moradores do condomínio Central Park denunciam estado de abandono e pedem na justiça destituição do síndico

Moradores do Residencial Central Park no bairro Rua Nova em Feira de Santana, procuraram o Programa Levante a Voz da Rádio Sociedade News FM , para denunciar as condições de abandono do condomínio. Segundo a advogada constituída pelos moradores, Mariana de Oliveira Pamponet, as caixas d’água não são limpas, possuem cocô de pombo, baratas, carros abandonados no local entre outros. Ainda segundo a advogada, o síndico se recusa a sair do cargo.

“Fui contratada inicialmente contra uma assembleia que foi feita de maneira irregular, sem atender as formalidades, para aumentar uma taxa de condomínio, essa situação conseguimos resolver através de uma ação judicial, liminarmente o juiz indeferiu o aumento da taxa de condomínio, posteriormente foi feita uma nova assembleia e os condôminos foram contra o aumento, taxa de condomínio mantida. Após isso, tomei consciência de várias irregularidades que ocorrem no condomínio, o síndico que está no cargo a quase 8 anos e alterou a convenção do condomínio para estender seu mandato para dois sem o quórum, aumentou a taxa de juros, ou seja, os inadimplentes tem encontrado dificuldade de pagar suas dívidas e a situação atual do condomínio é de real abandono, as caixas d’água não são limpas, o pessoal está bebendo água com cocô de pombo, tem barata dentro das caixas d’água, rãs, as caixas d’água que deveriam estar trancadas ficavam abertas, como registramos isso em foto, na manhã de hoje tinha um funcionário trancando as caixas para que as fotos sejam inviabilizadas, o condomínio tem cerca de 10 carros abandonados que são ninhos de baratas, ratos e gatos, temos uma quantidade enorme de gatos de rua com muitas doenças, crianças pegando doenças de pele no parquinho, sem contar ainda que o síndico acha que é proprietário único e exclusivo do condomínio, ele tranca os salões de festa, salão de jogos e o parquinho que as crianças brincam, e os moradores inadimplentes não podem usar a piscina”, disse.

abandono-e-pedem-na-justiça-destituição-do-síndico-sindicolegal

De acordo com a advogada, os condôminos tem acesso restrito as dependências do residencial e o salão de festas, apesar do valor pago, não tem condições de uso.

“O inadimplente do condomínio não pode ser cobrado de forma vexatória, ou seja, ele é coproprietário de todas as áreas comuns, então ele não pode ter nenhum direito cerceado por estar inadimplente, único direito do condomínio em razão disso é cobrar, seja judicial, administrativa, executar penhora de bens e o imóvel, pois a dívida de condomínio é a única que mesmo que você só tenha aquele bem, o condômino inadimplente pode ter sua casa leiloada, em razão da inadimplência. Nosso principal problema hoje no Central Park é que o síndico se recusa a sair, foi feita uma assembleia no dia 20 de junho, fizemos uma coleta de assinaturas para um abaixo assinado, solicitamos que somente proprietários assinassem, alguns inquilinos assinaram, tomamos consciência dessa situação e tentamos correr atrás dos proprietários para que assinassem as procurações para poder legitimar a assinatura dos inquilinos, e estamos sendo acionados judicialmente por isso, porque ele alegou que pegamos estranhos para fazer quórum em nosso abaixo assinado. No dia da nossa assembleia, tínhamos alugado o salão de festa, o síndico sumiu com a chave durante dois dias, ninguém dava uma resposta, fizemos a assembleia debaixo de chuva no estacionamento do condomínio e o pessoal apareceu, ele foi destituído de forma unânime, isso é um imbróglio judicial”, disse.

Mariana de Oliveira diz ainda que o sindico se recusa a sair do cargo, mesmo sendo destituído de forma unânime pela assembleia.

“Mesmo debaixo de chuva, tivemos 133 moradores, pessoas com crianças e idosos, que se disponibilizaram a sair de suas residências e votaram de forma unânime pela destituição do síndico, que ele, a administração e o jurídico que deveria trabalhar em prol dos condôminos não aceita. Não desistimos da luta, a revolta dos moradores é grande, as pessoas trabalham para pagar suas cotas em dia”, afirmou.

Segundo a advogada, o valor total pago mensal contando com a taxa paga por todos os condôminos é alto e não justifica o estado de abandono e o mal serviço prestado pela empresa  terceirizada, que de acordo com ela, os funcionários tratam os moradores de forma grosseira.

“Se atrasado R$ 140 reais, em dia R$ 120, ou seja, temos um condomínio com 1500 unidades é um dinheiro imenso. Outra coisa que queremos deixar clara é que não iremos nos calar, o pessoal continua registrando todas as irregularidades, reclamando e não obtém respostas suficientes nem significativas, inclusive dos prestadores de serviços que são pagos pelos moradores, que são tratados com extremo descaso, grosserias, ignorâncias a terceirizada responsável pela portaria trata os funcionários de forma grosseira, inclusive na última assembleia foi gravado um funcionário que tentou coagir uma senhora de idade, os moradores do Central Park estão cansados, continuaremos na luta pela destituição do síndico, convido todos os moradores proprietários do Central Park que até o momento não assinaram nosso abaixo assinado, vocês ainda podem assinar, estaremos recebendo assinaturas para um novo protocolo e uma nova assembleia de destituição do síndico, que caso não ocorra entraremos na justiça e solicitaremos que em novembro de 2023, seja feita a assembleia de nova eleição conforme manda a convenção do condomínio”, disse. Se fizermos uma conta por cima, se todos pagassem, seriam R$ 180 mil reais, mas por conta da inadimplência, em torno de R$ 130 a R$ 140 mil. A empresa responsável pela portaria recebe acima da média de mercado, um valor extraordinário, fiz a cotação em outras empresas para 22 funcionários, com uma empresa qualificada, uma das mais caras da cidade cobraria em torno de R$ 70 a 75 mil, hoje o Central Park exorbitantes R$ 83.500, sendo que não sabemos a quantidade de trabalhadores, os moradores não sabem nada”, comentou.

A moradora Débora Rocha Silva Oliveira disse em entrevista, que ela e sua filha são impedidas de utilizar as dependências do condomínio, a exemplo do parque, que fica trancado e com as chaves em poder do síndico e do mal estado do salão de festas.

“Temos vivido tempos difíceis, desde que eu comecei a morar lá até hoje temos visto que nosso condomínio tem desvalorizado bastante, é um empreendimento que custava mais de R$ 100 mil reais e hoje não acha comprador para pagar R$ 40 mil em um apartamento, é inadmissível, tenho uma menina que não pode se dar ao trabalho de brincar na área comum, porque além de correr o risco de pegar doenças, não tem direito a usar nada, porque o parquinho é trancado, a brinquedoteca só funciona quando eles querem, o salão de festas é cobrado R$ 200, mas não vemos melhorias, está cheio de infiltração, inclusive foi constatado que um dos tetos tem tanta infiltração que corre o risco de desabar, a limpeza da piscina é feita de qualquer jeito, hoje pagamos caro para viver trancados no apartamento”, disse.

Uma outra moradora, de nome Rosália, disse ter sido ameaçada por um dos funcionários da terceirizada que presta serviço ao condomínio.

“No dia da assembleia, fui ameaçada verbalmente agredida pelo funcionário Maicon, ele questionou que eu o tinha desrespeitado e exposto a imagem dele, algo que eu não fiz. Quando terminou a assembleia, ele veio em minha direção, me desacatando, desrespeitando e falando coisas para mim na presença de todas as pessoas e quem estava de fora não sabia o que tinha acontecido, fiquei desmoralizada diante das pessoas no local, é esse tipo de funcionário que a empresa tem no condomínio, pessoas despreparadas, que não sabem tratar os condôminos, a portaria completamente irresponsável, deixa entrar pessoas sem nos comunicar, creio que eles não têm uma reciclagem, porque todos são ignorantes, nenhum deles tem preparo para prestar o serviço necessário no condomínio, nos tratam como se fossemos nada, não respeitam de jeito nenhum”.

Segundo a advogada Mariana de Oliveira, o síndico é policial militar da reserva, e já denunciou o caso a corregedoria da Polícia Militar.

“Já procuramos a corregedoria da Polícia Militar, pois já tivemos situações com alguns moradores, Ministério Público não, porque por se tratar de uma área privada os condôminos precisam tentar resolver entre si, são muitas irregularidades, temos obras de valores estratosféricos que foram feitas sem aprovação dos moradores e todo condomínio para fazer uma obra de grande monta, uma obra chamada voluptuária, que não é uma obra necessária, mas, independentemente de ser necessária ou não, como vai ser paga pelos moradores, eles têm que ser previamente consultados, apresentados os orçamentos e aprovado em assembleia, no Central Park não é feito dessa forma, e pior, todos os questionamentos realizados não são respondidos, está no aplicativo”.

A advogada conclui, afirmando que os documentos foram excluídos do aplicativo do condomínio e que após a deposição do atual síndico teme que haja ações trabalhistas contra o condomínio, pois suspeita que há funcionários contratados de forma irregular.

“Começamos a pegar esses documentos no aplicativo do empreendimento, agora não é mais possível, pois está zerado, tiraram todos os documentos que são de acesso público aos moradores, suspeitamos também, que temos quatro funcionários contratados de forma direta, o que não se utiliza mais em condomínio porque acarreta uma chance de muitos prejuízos de ações trabalhistas no futuro pelo que eles custam ao condomínio na prestação de contas, porque não sabemos qual é o valor real recebido, suspeitamos que não tenham carteira assinada, que não sejam funcionários regularizados, e questionamos isso em uma assembleia a advogada do síndico, que se recusou a me dar uma resposta, que me disse: “mande pro escrito que eu lhe respondo”.  Mas, por que não responder no momento, diante dos moradores que são os maiores interessados? O fato é que no dia em que conseguirmos trocar de síndico, provavelmente teremos ações trabalhistas e os moradores que terão de pagar por isso, porque o condomínio é responsável por seus moradores, a mesma coisa as terceirizadas, se forem de qualidade ruim, o condomínio é responsável solidariamente e subsidiariamente, então, a preocupação dos moradores é: não saber quanto se tem em caixa, quais são as dívidas que o condomínio possui e os orçamentos das obras feitas. Foi feito um espaço pet que não se utiliza para nada, foi gasto R$ 10 mil segundo a prestação de contas, um espaço hoje inutilizado, uma obra voluptuária que precisava de acordo com a convenção do condomínio ser aprovado de forma unânime. É possível em um condomínio de 1.504 unidades aprovar qualquer coisa de forma unânime? Não, mesmo assim foi feito, quando se questiona, a resposta é: “um morador pediu”. Um? Condomínio é uma coletividade, nada pode ser feito e decidido de forma individual, tudo tem que ser decidido pela assembleia”, concluiu.

Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão

 

Fonte: Conectado News