Síndico de flat de luxo acusado de injúria racial e assédio moral é afastado da função pela Justiça

Síndico acusado de injúria racial e assédio moral por funcionários e moradores de flat de luxo é afastado do cargo após liminar da Justiça

O síndico de um flat de luxo em Guarujá, no litoral de São Paulo, acusado por funcionários e moradores de cometer injúria racial e assédio moral, foi retirado do cargo após liminar da Justiça. Conforme apurado pelo g1 neste domingo (28), a juíza Gladis Naira Cuvero decidiu pelo afastamento temporário do síndico até 3 de junho, quando haverá uma assembleia para discutir se ele será, de fato, destituído do cargo. De acordo com a advogada que representa os moradores do condomínio, Semíramis Regina Moreira de Carvalho, o síndico e a esposa deixaram o apartamento após a liminar. Ela explicou que, até a data da assembleia, a administração do flat assumirá as atividades antes realizadas pelo homem que foi afastado do cargo. Isso ocorrerá porque os demais membros do conselho renunciaram ao cargo.

Em relação à liminar, assinada na última sexta-feira (26), a juíza Gladis Naira Cuvero justificou que a decisão se fez necessária devido à “perturbação social evidente” que a presença do síndico causava aos moradores e funcionários do flat.

Na liminar, a juíza negou o pedido de justiça gratuita apresentado pelo síndico afastado do flat de luxo. Ela explicou que o benefício é concedido a pessoas que comprovem não ter recursos para arcar com os custos, despesas processuais e honorários advocatícios, e que as justificativas apresentadas pelo denunciado não comprovam tal “miserabilidade”.

A auxiliar de lavanderia Nathalia Pereira trabalha há quatro anos no condomínio, mas ressaltou que é alvo de injúria racial desde que o síndico e a esposa ‘assumiram’ o local há dois anos. “Sofri com falas racistas da mulher do síndico. Ela ficava no meu setor e, em momentos aleatórios, relatava o tempo da escravidão para uma pessoa preta. Isso me trazia muita dor”.

“Houve muita humilhação, e sempre por causa da minha cor”, desabafou Nathalia.

A mulher afirmou ter passado por crises de ansiedade após um episódio ‘marcante’ com a esposa do síndico, que a levou a denunciar o caso em uma delegacia na cidade. “Eu a ajudava na arrumação da roupa de outra funcionária e ela disse que [o trabalho] estava malfeito, que era um serviço de preto”.

Aproximadamente 30 funcionários do flat de luxo em Guarujá denunciaram o síndico e a esposa ao Sindicato dos Empregados em Edifícios e Condomínios (Seeglag). Segundo eles, os abusos acontecem há dois anos, desde que o homem foi nomeado síndico do prédio.

Segundo a advogada do Seeglag, Carla Costa da Silva, o Ministério Público do Trabalho (MPT-SP) foi acionado após a coleta de depoimentos dos trabalhadores do flat, que fica no Centro da cidade. “Ingressamos com uma denúncia pedindo a apuração de todos os fatos e também a responsabilização do condomínio”, explicou.

O que diz o síndico

A reportagem tentou contato com o síndico afastado, mas não teve sucesso. No último contato com o homem, ele emitiu uma nota e informou que “tomou conhecimento dos fatos apenas na sexta-feira (19)”, com uma movimentação de funcionários na frente do condomínio. O morador acrescentou que, até a última segunda-feira (22), não havia sido notificado sobre a denúncia e que iria às “esferas competentes apresentar a defesa cabível”. Ele refutou todas as acusações.

Fonte: G1