Ronnie Lessa diz não saber sobre sumiço de fita do condomínio Vivendas da Barra

Ronnie Lessa diz não saber sobre sumiço de fita do condomínio Vivendas da Barra

BRASÍLIA – Em seu terceiro dia de depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-policial Ronnie Lessa explicou sobre o episódio envolvendo a ida do ex-PM Elcio Queiroz ao Condomínio Vivendas da Barra, no bairro Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde Lessa morava. O ex-policial era vizinho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Elcio e Lessa confessaram o homicídio da vereadora Marielle Franco (Psol) e seu motorista, Anderson Gomes.   Nesta quinta-feira (29), ele respondeu a um questionamento da defesa de um dos réus sobre o sumiço da fita de gravação da portaria do condomínio. Registros indicam que, no dia do crime, Elcio Queiroz, esteve no condomínio, para visitar Ronnie Lessa.

Segundo o ex-PM, houve uma confusão no número das casas e que, na hora de anotar o número, o porteiro teria anotado o número da casa de Bolsonaro.

No entanto, o réu garante que a gravação mostra que a voz do interfone para liberar a entrada era de Ronnie Lessa.  Essa fita da gravação sumiu. “Quando fiquei sabendo que seria preso, pedi uma foto da gravação. Depois, fiquei sabendo que a fita sumiu. Não sei o que aconteceu”, afirmou.

Essa fita chegou a ser divulgada pelo vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, dias depois que a informação foi veiculada, para mostrar que a liberação da entrada de Élcio foi dada por Lessa. Elcio morava nas casas de número 65 e 66. Segundo o depoimento do porteiro, a autorização para que Élcio entrasse no condomínio foi dada por uma pessoa que estava na casa de Bolsonaro, a de número 58. O presidente também é dono da casa 36, onde morava o vereador.

O porteiro disse ainda que, depois de Élcio ter se identificado e dizer que iria para a casa 58, ligou para o imóvel para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar. Em seus depoimentos, ele citou também que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do “Seu Jair”.  Como o ex-presidente foi citado, o processo foi encaminhado para o STF.

  “Eu não tinha intenção nenhuma de atingir o Anderson”, disse

Durante seu depoimento nesta quinta, Ronnie Lessa voltou a afirmar que não tinha intenção de matar o motorista Anderson Gomes. Segundo ele, os disparos atingiram Anderson pelo uso de munição errada.

“Eu não tinha intenção nenhuma de atingir o Anderson. O plano era matar a Marielle. O Anderson morreu atingido pelos disparos que dei na vereadora. Eu estava empregando a munição errada, que transpassou o corpo de Marielle”.

O depoimento de Ronnie Lessa faz parte de um acordo de delação premiada, em que ele acusa como mandantes do crime os irmãos Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, deputado federal e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), além do delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro.

No primeiro dia de depoimentos, o ex-policial militar informou que o motivo do crime foi “ganância”. Ele e seus comparsas iriam receber um loteamento clandestino em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, avaliado em R$ 100 milhões. O local seria explorado pela milícia. Segundo Lessa, o valor alto contribuiu para que ele aceitasse fazer parte do esquema.

 

Fonte: O tempo