Localizado em uma das ruas mais nobres e movimentadas de Florianópolis, está um prédio que há um ano não possui moradores circulando pelos 12 andares. Os apartamentos de mais de 300 m², que antes registravam barulhos rotineiros, seguem vazios — alguns com rachaduras nas paredes. O edifício, localizado na esquina entre a Travessa Abílio de Oliveira e a Avenida Jornalista Rubens de Arruda Ramos, na Beira-Mar Norte, que atualmente “repousa” em silêncio, presenciou no dia 15 de janeiro de 2024 o pavor e o corre-corre de dezenas de pessoas após o rompimento de uma viga de sustentação.
Um ano depois, o prédio continua interditado pela Defesa Civil e sem previsão para o retorno dos moradores, o que torna o local uma espécie de “prédio fantasma” em meio ao barulho da região. O síndico Joaquim Lemos, por exemplo, olha com melancolia para o edifício, que agora só tem a circulação de pessoas relacionadas a limpeza e outros serviços considerados essenciais. À época do incidente, todos os moradores foram retirados imediatamente do prédio. Ele conta que muitos saíram dos apartamentos apenas com a roupa do corpo.
— Foi uma situação muito difícil. De vez em quando alguns moradores voltam para buscar uma coisinha ou outra — conta o síndico.
Colapso anunciado em prédio de luxo
O prédio entrou em risco de colapso quando uma viga importante rompeu: o pilar periférico. A Defesa Civil, na época, explicou que outras vigas estavam completamente comprometidas no momento em que o problema aconteceu. Dessa forma, a estrutura não conseguia oferecer estabilidade ao prédio. De acordo com o órgão, o tombamento poderia não ser para os lados, mas que o colapso poderia puxar ou repuxar o prédio.
A Defesa Civil havia alertado sobre os possíveis problemas na estrutura pelo menos seis meses antes do colapso. A arquiteta da construtora Lira & Souza Reformas e Construções Ltda, responsável por um serviço de pintura no edifício, tinha identificado problemas estruturais na viga, mas a companhia havia optado apenas pelo serviço de pintura.
O condomínio, então, procurou outras empresas para realizar a recuperação do prédio, e contratou a Cymaco. Em janeiro de 2024, a empresa informou que somente a inspeção tinha sido iniciada quando o incidente aconteceu.
O condomínio fica localizado em frente ao Bolsão da Casan e foi construído em 1982, de acordo com a prefeitura de Florianópolis, com 25 apartamentos, em uma das áreas mais caras da capital catarinense.
Anúncios de apartamentos à venda ou para aluguel ainda são feitos na internet. Um dos apartamentos, por exemplo, com 282 m², quatro quartos, duas suítes e duas vagas de garagem está valendo R$ 3,07 milhões.
Já outro apartamento, com três quartos e 353 m², está à venda por R$ 4,2 milhões. Os anúncios são todos de 2024, ainda não vendidos.
Veja como ficou o interior do prédio após o dano estrutural
Esperança de voltar ao lar
Agora, novas pessoas são vistas andando pelo prédio, mas ainda não são os moradores. De acordo com o síndico, Joaquim Lemos, obras de reparação no edifício iniciaram na última sexta-feira (10) depois de um “longo empenho” para o começo dos trabalhos.
— Houve um processo de investigação, com pericias judiciais. Nós ficamos empenhados até agora, selecionamos a empresa e sexta-feira começaram as obras — diz.
A empresa contratada foi a D3 Ambiente Construído, que destacou que as obras tem como objetivo reforçar a estrutura e fazer a liberação do prédio. Nesta quarta-feira (15), diversas pessoas trabalhavam no local, com o preparo para a colocação de vigas de ferro.
Serão realizados o reparo dos pilares comprometidos e reparos extras para evitar que novos danos aconteçam. De acordo com o síndico, o prazo para a conclusão da obra é de 60 dias, “até que se restaure a condição de segurança”.
— Com a conclusão da obra, os moradores vão poder voltar. Vão ser feitos reparos em alguns apartamentos, individualmente — explicou.
Veja fotos do prédio e da obra
Fonte: NSC Total