O representante do condomínio de classe média em que a empregada doméstica Sandra Maria da Silva, 53 anos, morreu ao cair no poço do elevador, localizado no bairro do Parnamirim, Zona Norte do Recife, se negou a dar informações sobre a manutenção dos elevadores ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE).
Segundo o órgão de fiscalização, não havia registro sobre o profissional ou empresa responsável pela manutenção do equipamento do edifício. Procurado pelo CREA-PE, o representante do condomínio teria se negado a fornecer as informações.
EMPREGADA DOMÉSTICA CAI EM POÇO DE ELEVADOR NO RECIFE
![ARQUIVO PESSOAL / Sidney Lucena](https://imagens.ne10.uol.com.br/veiculos/_midias/jpg/2022/07/27/597x330/1_morte_empregada_domestica_parnamirim_1-21432077.jpg)
Sandra Maria trabalhava em um dos apartamentos do condomínio de classe média há 15 anos. No que parecia mais um dia rotineiro de trabalho, o filho da empregada doméstica, Wanderley da Silva, tentou contato com a mãe no final do expediente para buscá-la.
Sem conseguir contatá-la, o jovem ligou para os patrões da vítima para saber da mãe. De acordo com o filho da vítima, o patrão de Sandra Maria informou que ela teria descido com algumas sacolas para ajudar a colocar no carro da patroa e que não havia retornado.
A vítima teria morrido ao tentar subir para o apartamento dos patrões, ao entrar no elevador e não perceber que a cabine não estava no pavimento.
De acordo com peritos do Instituto de Criminalística (IC), o equipamento do edifício é do modelo mais antigo, no qual os passageiros acessam o interior do elevador de forma manual.
Ainda segundo peritos do IC, Sandra Maria teria puxado a porta do elevador social no andar térreo. Sem perceber que a cabine não estava ali, a mulher teria caído para o subsolo, em uma altura de 4 metros.
No boletim de ocorrência registrado pela central de plantões, consta que no momento em que a vítima caiu no poço, moradores do prédio tinham ficado presos dentro do elevador no oitavo andar do edifício. O porteiro teria tentado religar o sistema, mas o equipamento não respondia.
Foi então que o funcionário acionou o técnico para resgatar os moradores presos no equipamento. O elevador teria permanecido sem funcionar, quando um técnico desceu ao poço para verificar o motivo da falha e encontrou o corpo da vítima. Ainda não há confirmação sobre o que ocorreu primeiro.
APÓS NEGAR INFORMAÇÕES SOBRE MANUTENÇÃO DO ELEVADOR, CONDOMÍNIO É OFICIADO
Em nota, o Crea-PE informou que vai oficiar o condomínio onde Sandra Maria morreu, solicitando que sejam informados os dados da empresa e do responsável técnico pela manutenção do equipamento.
O órgão informou que o ofício será entregue ao síndico do prédio na tarde desta quinta-feira (28). O condomínio terá o prazo de 24 horas para entregar a cópia do contrato de manutenção, constando os dados da empresa e responsável técnico pela manutenção do equipamento.
“É responsabilidade do síndico qualquer acidente causado pela falta de vistorias periciais, manutenções periódicas, de sinalização e demais ações ou omissões por negligência, imprudência e imperícia. O profissional, por sua vez, responde por acidente causado por falha de execução do serviço por negligência, imprudência ou imperícia”, afirmou o órgão.
- Leia mais: Modernizar elevadores é necessário
O Conselho esclareceu também que ao emitir a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), o profissional ou empresa responsável pela manutenção assume a responsabilidade pela perfeita execução da obra ou serviço, incluindo “eventuais responsabilizações que decorram de falhas técnicas ou acidentes, desde que comprovada sua culpa”.
Segundo o CREA-PE, a existência do documento garante que a responsabilidade civil e criminal seja transferida diretamente ao contratado, isentando o síndico, ressalvados casos específicos.
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PATRÕES E SÍNDICO DO PRÉDIO NÃO SE PRONUNCIARAM
Desde que ocorreu a morte de Sandra Maria da Silva, os patrões da empregada doméstica e o síndico do prédio não foram encontrados pela equipe de reportagem da TV Jornal.
Na manhã dessa quarta-feira (27), funcionários do imóvel informaram que não tinham autorização para comentar sobre o que aconteceu, mas que o síndico não se encontrava no prédio.
Morador do edifício, o médico Gustavo Couto contou que conhecia a vítima de vista. “Extremamente triste, é uma coisa que a gente não tem ideia do que é isso. É lamentar e ser extremamente solidário com a família”, declarou.
FAMÍLIA PEDE POR JUSTIÇA
O corpo de Sandra Maria foi liberado do Instituto de Medicina Legal (IML) na manhã da quarta-feira (27) e será velado no cemitério de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, às 10h desta quinta-feira (28).
Familiares da doméstica pedem por justiça. “Minha mãe era uma pessoa querida, todo mundo adorava ela. O que eu quero agora é justiça”, afirmou Wanderley da Silva.
Fonte: JC Ne10
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