Condomínio onde cratera se abriu foi avisado do risco de obra de metrô

Condomínio onde cratera se abriu foi avisado do risco de obra de metrô

Moradores do Condomínio Vivaverde, que teve parte da quadra e churrasqueira engolidas pela obra da Linha 6-Laranja do metrô, afirmam que já sabiam que a área poderia enfrentar algum risco durante a passagem do tatuzão, como é chamada a tuneladora usada na escavação.

Segundo eles, engenheiros da concessionária Linha Uni, responsável pela obra, explicaram que o solo era instável e que, por isso, o local precisaria ser interditado durante a obra.

“Teve uma reunião da Acciona com o condomínio e eles informaram que poderia acontecer algum imprevisto”, afirma a professora Vânia Passareli, que mora no local há 12 anos. “Eu só me preocupo um pouco com o bloco que é mais próximo da cratera, mas eu acho que não vai ter problema”, diz.

Também moradora do local, a contadora Rafaela Rozeando afirma que o acesso à área afetada estava fechado desde que os avisos foram feitos. “A comunicação foi bastante fluída, mas mesmo assim assusta, né?”, disse ela sobre a cratera.

Segundo a contadora, a concessionária garantiu que não há risco para os moradores das cinco torres do condomínio e prometeu reparar os prejuízos. “Eles falaram que arcariam com qualquer dano”, disse.

Medo do tatuzão

Na tarde dessa segunda-feira (20/5), dezenas de funcionários trabalhavam no local para fechar o buraco, sob o olhar atento de vizinhos e comerciantes da região.

A aposentada Maria da Graça foi uma das pessoas que passou no local para acompanhar a obra. Moradora do bairro, ela disse temer que o problema se expanda e coloque a vida dos vizinhos em risco.

“Graças a Deus que até agora não machucou ninguém, não aconteceu nada, mas não deixa de ser uma preocupação”, disse Maria.

A moradora citou outros problemas envolvendo a passagem do tatuzão da Linha 6-Laranja para justificar a apreensão. Entre eles, o solo que cedeu na Av. Miguel Conejo, em junho de 2023, e a cratera na Marginal Tietê, em janeiro de 2022.

“A gente já tem um pouco de medo do tatuzão e depois desse acontecimento fica mais assustado ainda”, disse.

Ela e o marido também relataram que parte das casas da região têm sofrido com o impacto das explosões que abrem o caminho para o tatuzão. “Teve rachadura feia, o muro até afastou”, contou Maria sobre o problema enfrentado por uma vizinha.

O que diz a concessionária

Em nota, a Linha Uni afirmou que a situação na cratera da Av. Ministro Petronio Portela está controlada e segue estável.

“A área permanece isolada e as equipes técnicas estão trabalhando para recondicionar o solo, com previsão de normalização o mais breve possível”, diz a concessionária.

A empresa afirma ainda que equipes também estão monitorando o entorno da cratera. A Linha 6-Laranja vai ligar a região da Brasilândia, na zona norte, ao centro da cidade, e deverá ter 15 estações. A expectativa é que 600 mil pessoas sejam transportadas diariamente na linha. A previsão é que a obra seja concluída até 2025.

 

Fonte: Metrópoles