Conflitos condominiais crescem durante a pandemia com vizinhos incomodados com crianças que correm e brincam e bebês que choram
Brincar faz barulho. Pois é. Quem já foi criança um dia sabe que “fazer de conta” exige mais que imaginação, exige ação. Às vezes, é necessário pular, correr, falar um pouco mais alto, gritar, lutar, rolar no chão e por aí vai.
Brincar não tem limites e, às vezes, ela extrapola os limites impostos pelas paredes que dividem um apartamento do outro. E o que é apenas som de brincadeira, pra outros é barulho. Alguns vizinhos andam reclamando deste tal barulho à síndicos de seus prédios. “O que não é empático”, contrapõe Giulianny Russo, mãe do Antônio, 5 anos e um bebê, e moradora do bairro Butantã, SP.
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A professora conta que, enquanto o marido dançava pra acalmar o bebê de 4 meses e tentava distrair o maior, ela estava na cozinha fazendo o jantar e o vizinho se incomodou com os pés da criança que batiam no chão enquanto dançava. “A cena estava tão engraçada que fui até a sala filmar e, no mesmo minuto, o interfone tocou.
Era o vizinho do andar debaixo perguntando se estávamos arrastando móveis. Na hora, nem entendi, mas ele disse q estava fazendo um barulhão e eu só falei que meu filho estava dançando”.
O incômodo gerou uma nova reclamação. “Outro dia ele interfonou as 15h porque estava ouvindo correria no meu apartamento”, conta. E semanas depois, tanto a Giulianny, quanto outros moradores do prédio, receberam um comunicado do condomínio pedindo que evitassem barulhos e músicas altas uma vez que a grande maioria estava trabalhando dentro de casa e precisam de mais silêncio.
O advogado e Coordenador de Direito Condominial na Comissão Especial de Direito Imobiliário da OAB-SP, Dr Rodrigo Karpat, alerta para o momento que exige mais calma e empatia. “Precisamos equalizar diversas questões dentro dos condomínios neste momento de isolamento social, como o home office, as crianças em casa e as obras necessárias que surgem no dia a dia.
É preciso que a gestão condominial, como um todo, tente, com muito bom senso, atender a todos”, alerta. E talvez aqui esteja a grande dificuldade do momento: atender a todos. Certamente, os síndicos enfrentam dificuldades neste lugar.
Luísa Rolim D’Aquino, moradora de Itacorubi, Florianópolis, conta que também passou pelo problema. Diz que teve uma noite em que sua bebê, de então 9 meses (agora 1 completo), chorou muito durante a noite e dia seguinte, a vizinha foi questioná-la. Constrangida, acabou explicando que era comum quando sentia uma dor na barriga.
“Mas na verdade me segurei pra responder que o bebê às vezes chora porque simplesmente é um bebê. Acho que as pessoas tão ficando meio surtadas e intolerantes com o tempo trancada em casa”, desabafa.
“Uma criança e um bebê fazem barulho dentro de casa porque é da natureza delas, estão com emoções, comunicação e razão não amadurecidas. Errado é quem cobra uma postura diferente disso”, fala a funcionária pública do Tribunal da Justiça.
Fonte:Estadão
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Eu tenho um bebe de 8 meses. Meu vizinho reclamou que tinha alguém fazendo maratona dentro do meu AP. Fiquei espantado que um bebe de 8 meses e 8,5 kg engatinhando podesse ser fonte geradora de tanto barulho.