Tragédia em Miami alerta para riscos com falta de manutenção em prédios

Predio desabando

As causas ainda são desconhecidas das autoridades, mas tudo leva a crer que falta de manutenção esteja entre as principais falhas que levaram ao desabamento de um prédio de 12 andares em Surfside, ao redor de Miami, na Flórida (EUA), pouco mais de duas semana atrás.

Até a sexta-feira, 9, o saldo da tragédia era de 64 mortos e 80 pessoas desaparecidas. O trabalho das equipes agora é encontrar restos mortais.

O edifício residencial Champlain Towers South tinha 40 anos e ficava de frente para o mar, a pouco metros da areia da praia. Segundo informações divulgadas pela imprensa local, um laudo pericial de 2018 apontou falha estrutural.

Tremor de terra, mau uso da edificação, colapso do sistema hidrossanitário, elétrico; ação do tempo, em particular do salitre (maresia) – nada, porém, é descartado. Para o vice-presidente técnico do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia na Bahia (Ibape), Wagner Santana, nem mesmo a soma de fatores.

“Um edifício de 40 anos, já estruturado, só a perícia vai poder determinar o que houve. Porém as edificações avisam quando algo está errado, elas não colapsam de uma hora para outra. São trincas, fissuras, estalos, rachaduras, portas que não correm mais. E tudo isso precisa ser investigado (pelo condomínio)”, diz Santana.

O engenheiro faz uma analogia das edificações com o corpo humano, em que ano após ano é preciso fazer um “checape” da saúde para saber se está tudo bem. Segundo ele, vistoria predial periódica é fundamentar para apontar que tipo de manutenção, se preventiva ou corretiva, deve ser realizada em determinado momento.

 

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Multidisciplinar

“É de suma importância, tanto que é uma atividade multidisciplinar, por envolver várias áreas, como engenharia elétrica, civil, mecânica, de automação, petróleo e gás. E deve ser realizada por profissionais capacitados, registrados nas respectivas entidades de classe”.

Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo na Bahia (CAU), Neilton Dórea destaca que a falta de cuidado com equipamentos é “cultural” no Brasil, e classifica como “muito estranho” o episódio ocorrido nos Estados Unidos. Segundo ele, a conservação de qualquer construção está diretamente ligada ao (alto) custo envolvido, e que o mais comum é o baixo interesse por parte de proprietários no investimento.

“Construção tem validade, precisa acompanhar, ela não é eterna. Não conheço a salinidade de Miami, mas aqui em Salvador, por exemplo, é muito forte em uma parte da borda atlântica (orla)”. “Acontece que muitos querem ter a propriedade, mas não querem pagar pela conservação. Obra não é só preço, menor orçamento. Costumo dizer que um excelente projeto requer um excelente cliente”, fala.

De acordo com o presidente do Sindicato da Habitação no estado (Secovi), Kelsor Fernandes, muito provavelmente a culpabilidade pelo desastre deve recair sobre o síndico ou administrador do condomínio, que, por lei, são os responsáveis legais pelo empreendimento.

“Tudo indica que vai haver responsabilização das partes, ainda mais nos Estados Unidos, mais rígidos com a legislação. Porque uma das funções principais é a manutenção, é zelar pela segurança dos condôminos e do equipamento”, diz.

“É muito perigo envolvido, lida-se com vidas. Fez o diagnóstico, precisa reforma, a assembleia não aprova? Comunica as autoridades competentes, que até a evacuação do local eles vão poder providenciar”.

O presidente do Sindicato da Habitação ressalta que vistoria predial deve ser feita a cada um ano, um ano e meio no máximo, principalmente em prédio antigo ou na orla, que requer atenção ainda maiores”. E diz que fundo de reserva financeira serve também para fazer frente a adversidades.

“Observe a quantidade de prédios em Salvador, principalmente a partir de Amaralina e até Itapuã, com a pintura amarelada, vigas (ferrugem) expostas, isso é a ação do sal que vem do mar, que penetra o concreto, atinge a ferragem. Normalmente é mais comum ver em garagens. Não se pode relegar, negligenciar essas informações”, afirma.

Mestre em engenharia civil, doutorando em tecnologias industriais, o segundo-vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea), Diógenes Senna, ratifica que o episódio serviu de alerta aos profissionais da área, principalmente no Brasil. “Falta uma legislação federal que obrigue a inspeção predial”.

 

Fonte: Uol

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