É muito comum ouvir falar de síndico que mora no condomínio, porém de uns tempos pra cá surgiu outra modalidade de síndico, o síndico profissional.
O síndico profissional por não ter vínculo com o condomínio possui um grande aliado que é julgar todas as necessidades dos condôminos seguindo a risca a Convenção. O foco do síndico profissional será sempre fazer com que o funcionamento do condomínio seja feito com responsabilidade, e um fator muito importante é por não morar no condomínio, não sofrer represálias de moradores que foram punidos por alguma infração cometida.
Essa semana o “Síndico Em Foco” convidou o síndico do Condomínio Jequitibá, em Fortaleza-Ceará, Julião Cavalcante, síndico profissional há 3 anos, que nos contou mais detalhes sobre como é ser um síndico profissional e sobre a sua experiência.
O que te fez querer ser síndico?
Foi uma escolha diferente das outras. Em 2015, eu fazia parte do conselho fiscal do condomínio que moro. Em abril de 2015 o condomínio foi notificado a pagar R$ 42.000,00 reais para quatro porteiro e um rondante, por falta de pagamento de horas extras.(descanso de almoço e hora extra nos dias feriados). Como o síndico foi omisso e negligente nas ações condominiais, pedimos que ele reembolsasse o condomínio. Ele esmurrou a mesa e disse que era uma proposta imbecil e que podia levar pra justiça.
Diante da falta de ética e respeito, fizemos uma carta aberta para os condôminos comunicando a renuncia coletiva do conselho.
Coloquei a carta renúncia no quadro de informativos e ele não gostou e me processou por danos morais.
Esse processo que foi retirado dois dias antes da audiência me motivou a me tornar um SÍNDICO PROFISSIONAL.
Como você faz a administração do condomínio?
Usando os quatros pilares da administração com transparência: Código Civil, Convenção, Regimento, Regimento Interno e a Comunicação.
Ser síndico profissional não é para qualquer um. Precisa ter disposição e interesse em se capacitar, porque o nível de exigência é muito grande por causa do termo ‘profissional’.
Faço valer as leis presentes no Código Civil, posteriormente na Convenção e no Regimento Interno.
E busco me comunicar com os condôminos para que a gente possa atender todas as necessidades de acordo com a realidade do condomínio.
Quais as dificuldades que você mais enfrentou como Síndico?
Fazer cumprir o Art. 1.336 e o Art. 1.337 do Código Civil que tratam sobre os deveres dos condôminos.
Como por exemplo: contribuir para as despesas do condomínio; não realizar obras que comprometem a segurança da edificação; não alterar a fachada; não prejudicar os princípios básicos do direito condominial (sossego, salubridade, segurança e bons costumes); fazer com que o condômino infrator paga as devidas multas corretamente em caso de infrações.
Como você faz a prestação de contas do condomínio?
Mensalmente é disponibilizada a pasta para o conselho fiscal contendo todos os detalhes sobre a gestão e prestação de contas do condomínio.
Dessa forma, qualquer condômino também pode ter acesso para acompanhar e conferir para ver se a gestão está cumprindo com o seu dever de forma correta e clara.
As decisões sempre são feitas de forma justa, sem favorecer nenhum morador, sempre se baseando no Regimento Interno e na Convenção do condomínio.
Na questão de documentos e renovações do condomínio, como você administra?
Cuidado com as manutenções preventivas e toda documentação que são encadernadas após passar pela supervisão do contador.
Por ser um condomínio novo, o problema está porque as unidades não foram 100% entregues, então ainda existe um déficit de moradores e condôminos.
O prédio possui uma administradora, como é feita a gestão com os funcionários?
O condomínio não possui administradora. E o sistema de administração é de AUTOGESTÃO.
O condomínio é novo e a escolha dos funcionários é feita por mim. Procuro fazer as entrevistas, buscando pessoas determinadas e que tenham vontade de evoluir profissionalmente.
Faça uma avaliação sobre uma gestão de qualidade de um síndico.
Paciência para lidar com os condôminos, gestão compartilhada entre Conselho, funcionários e moradores; ter uma boa comunicação; senso de justiça; transmitir confiança; firmeza quando for necessário e oferecer sempre para o condômino os 3 “S”: SEGURANÇA, SAÚDE E SOSSEGO.