Proprietários do Holiday, no Recife, dão passo para reivindicar recuperação do edifício

BOA VIAGEM Considerado um marco da arquitetura moderna no Recife

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Proprietários do icônico Edifício Holiday, situado em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, realizaram a eleição sindical em 9 de outubro. Entre as duas chapas no pleito, devem ser definidos o síndico, o subsíndico e o conselho fiscal que irão representar os antigos moradores frente ao poder público – dando início ao processo de reivindicação pela reforma do prédio, desocupado há mais de três anos.

A eleição acontece a pedido do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), que há um ano vem apoiando os proprietários por meio do Grupo de Trabalho (GT) Holiday. “A princípio, nos pediram para conseguir 140 assinaturas favoráveis à reforma, e conseguimos 143. Depois, que escolhêssemos o síndico”, contou Josiane Miranda, dona de um apartamento no prédio.

O vice-presidente do Crea e criador do GT, Stênio Cuentro, explicou que, após a escolha, deve ser firmado um acordo de cooperação técnica entre o Holiday e o Conselho, para firmar diálogos “junto à Prefeitura, que foi quem deu causa à interdição, e à Caixa Econômica Federal, para apoio financeiro da reforma.”

Na briga pela recuperação e contra uma eventual demolição do Holiday, há muitas mãos. Pesquisadores e estudantes da Universidade de Pernambuco (UPE) fizeram projetos para reparos elétricos e estruturais para o prédio, por exemplo, que serão apresentados ao Grupo Neoenergia.

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Enquanto isso, o CREA-PE levantou, junto ao cartório de registro de imóveis, quem são os donos dos apartamentos do prédio – um mistério até então, visto que dezenas de ocupantes irregulares os invadiram nos últimos anos. “Viemos trabalhando sem fazer muito barulho, até chegarmos ao êxito – que é a execução da obra”, afirmou Stênio.

Os antigos moradores, que precisaram deixar o local às pressas em 20 de março de 2019 e até agora não receberam indenizações, estão esperançosos de que a parceria deve render frutos. “Estamos muito animados, porque até então era uma espera indefinida. Agora, temos um norte para o Holiday”, disse Josy.

O conselheiro federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo em Pernambuco (CAU-PE) Roberto Salomão pontua a importância do resgate do prédio, considerado um exemplar chave da arquitetura moderna da capital pernambucana. “Não tem só os elementos da arquitetura moderna, mas uma relação de paisagem. Ele faz parte da paisagem cultural da Praia de Boa Viagem, é um ponto de referência dela.”

Atualmente, a Gerência Geral de Preservação de Patrimônio Cultural (DPPC) do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS), da Prefeitura do Recife, analisa o pedido para torná-lo um Imóvel Especial de Preservação (IEP) – o que impediria sua demolição. Mas, segundo a gestão, “o estudo ainda não foi formalmente iniciado devido à situação física do imóvel, que impede que sejam realizadas as visitas técnicas necessárias”.

Holiday, um ícone corroído pela falta de manutenção

Holiday, um ícone corroído pela falta de manutenção
Foto: Reprodução/TV Globo

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Com uma imensa estrutura em formato de meia lua, o Edifício Holiday foi construído em 1957 como símbolo da expansão imobiliária na capital pernambucana, com 17 andares e 476 apartamentos que eram ocupados para estadia de veraneio.

Com o passar dos anos, no entanto, várias das residências começaram a ser repassadas por meios irregulares, acumulando inadimplências condominiais e problemas por falta de manutenção. Apesar da estrutura física também precisar de ajustes, não corre risco de queda, tendo sido a precária fiação elétrica o principal motivo pela interdição do imóvel.

Então, em 13 de março de 2019, o juiz Luiz Gomes da Rocha Neto, da 7ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), atendeu a um pedido da Prefeitura do Recife e determinou a desocupação completa do imóvel até o dia 20 do mesmo mês.

O processo segue em andamento. Em agosto, foi  direcionado para que o juiz analise petições ou documentos que foram juntados aos Autos e, assim, determine o próximo passo a ser executado. Segundo o TJPE, entretanto, “não há prazo determinado para que seja dado esse despacho, que segue a ordem cronológica dos processos da Unidade”.

Desde a desocupação, o JC já demonstrou diversas vezes a difícil situação de antigos moradores. Alguns vivem em condições precárias, em habitações irregulares, enquanto outros se apertam financeiramente para conseguir pagar o aluguel em outros locais, no aguardo por uma definição sobre qual será o destino do prédio.

 

Fonte: Jornal JC

 

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