A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, da Câmara dos Deputados, aprovou nesta terça-feira, 21, uma moção de repúdio à declaração do presidente Lula (PT), de que o Congresso nunca teve “tão baixo nível” como atualmente. A crítica foi feita pelo petista na última quarta-feira, 15, durante discurso diante do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em cerimônia de comemoração pelo Dia dos Professores e de anúncios do Programa Mais Professores, no Rio de Janeiro.
“O ano que vem tem eleição. A eleição não é brincadeira. A gente não vota porque recebe um papelzinho na porta da escola. É preciso pesquisar quem são as pessoas, quem tem compromisso com a gente. Quem pensa não igual a você, porque ninguém precisa pensar igual a ninguém. Mas quem é que tem compromisso com as coisas que você acredita que precisam ser feitas neste país”, iniciou Lula.
“É assim que a gente escolhe. Não é o mais bonito, o mais alto, o mais negro, o mais baixo, o mais branco, não, não é assim. É pelo que a pessoa pensa e pelo histórico das pessoas. Tem que analisar qual é o compromisso das pessoas. Porque o Hugo é presidente deste Congresso. Ele sabe que este Congresso nunca teve a qualidade de baixo nível como tem agora“, acrescentou.
O requerimento de moção de repúdio aprovado pela comissão da Câmara hoje foi apresentado pelo deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES).
“Em tempos em que a palavra pública deveria servir de ponte entre os Poderes e não de espada contra eles, causa perplexidade e indignação ouvir do Chefe do Executivo tamanha ofensa ao Parlamento brasileiro. O Congresso Nacional é o templo da soberania popular, e cada cadeira nesta Casa é sustentada não pela vaidade de um homem, mas pelo voto livre e consciente de milhões de brasileiros”, argumenta o parlamentar.
“Tais palavras representam agressão inaceitável ao Poder Legislativo e desrespeito à vontade do povo que, de forma democrática, escolheu seus representantes. O Parlamento é a expressão viva da República, e sua dignidade não pode ser alvejada por quem tem o dever constitucional de zelar pela harmonia e independência entre os Poderes”.
Ainda nas palavras do parlamentar, “ofender o Congresso é ofender o próprio povo. É negar a virtude do diálogo, é desprezar o pacto de convivência que sustenta a democracia. O respeito institucional é o alicerce da vida republicana, e sua violação fere o decoro público, ameaça o equilíbrio entre os Poderes e obscurece o espírito do debate político, que deve sempre se guiar pela razão e pela moderação”.
A crítica de Lula ao Congresso ocorreu dias depois de a Câmara decidir retirar de pauta a Medida Provisória (MP) da tributação de investimentos e deixar o texto caducar.
A MP era considerada necessária pelo governo para equilibrar as contas públicas. Agora, o Executivo busca uma alternativa com o Congresso, para fechar o Orçamento do próximo ano.
Por Guilherme Resck







