O juiz Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento, da 4ª Vara Cível de Rondonópolis, deferiu nesta quinta-feira (18), o pedido de recuperação judicial do grupo Zoofértil, rede de distribuição de insumos agropecuários fundada em 2006 e hoje presente em 17 municípios de Mato Grosso e no sul do Pará, atuando na distribuição, importação e fabricação de insumos agropecuários. A decisão assegura que a empresa poderá reorganizar seu passivo financeiro, o valor de R$ 92,9 milhões, com fornecedores e instituições de crédito, preservando a continuidade de suas atividades.
Segundo os autos, o plano de recuperação que deverá ser apresentado em até 60 dias, não prevê o encerramento de unidades nem o desligamento de colaboradores. A Zoofértil informou que manterá em funcionamento todas as suas filiais – 17 no total –, além das duas fábricas, garantindo a preservação de mais de 220 empregos diretos e milhares de postos de trabalho indiretos relacionados à sua cadeia de fornecedores e clientes.
Ao analisar o pedido, o juiz ressaltou que a empresa demonstrou viabilidade econômica e interesse na preservação dos negócios, afirmando que “emergem fortes indícios acerca do efetivo comprometimento da requerente e do interesse da mesma na preservação da integridade de seus negócios, tendo em vista a adequada instrução da petição inicial e as conclusões da constatação prévia”.
Com uma trajetória marcada por crescimento acelerado, a empresa alcançou um faturamento anual de quase R$ 200 milhões, atendendo mais de 90 mil clientes e se relacionando com cerca de 4 mil fornecedores. Ao longo dos anos, diversificou sua atuação, passando da revenda de insumos agropecuários para a produção de linhas próprias de fertilizantes, nutrição animal e arames, consolidando-se como um dos principais agentes de distribuição da pecuária do Brasil.
A crise financeira, conforme destacado na decisão, decorreu de fatores externos e conjunturais que afetaram todo o setor agropecuário brasileiro. Entre eles, estão a forte queda nos preços da arroba do boi gordo em 2023, a suspensão temporária das exportações de carne bovina para a China, o aumento expressivo da taxa de juros no país e a retração no crédito agrícola. Esses elementos, somados à inadimplência de produtores, outras RJs e às restrições impostas por fornecedores internacionais de insumos, comprometeram o fluxo de caixa da empresa.
Na decisão, o magistrado destacou o resultado do laudo apresentado pelo perito judicial, que confirmou a regularidade do pedido. “Foi constatado o requerimento da utilização do instituto por empresa que está em crise financeira, mas que é economicamente viável”, apontou.
A recuperação judicial surge, assim, como um instrumento legal de reorganização. Neste sentido, a Zoofértil busca a RJ como oportunidade para reequilibrar suas finanças e retomar o ciclo de crescimento. “É um processo de reestruturação do passivo para que possamos atravessar este momento de retração sem comprometer nossa operação, nossa equipe e nossa rede de parceiros”, afirmou o diretor do Grupo, Aylon Arruda.
Com quase duas décadas de atuação, a Zoofértil sustenta que mantém ativos operacionais relevantes, presença consolidada em regiões estratégicas e um relacionamento de confiança com clientes e fornecedores.
Segundo a empresa, com a recuperação judicial aprovada, a meta agora é de crescimento sustentável, preservando empregos e contribuindo para o fortalecimento do agronegócio em Mato Grosso e no Pará. “Mesmo com o processo de RJ, continuamos dentro do nosso planejamento aprovado para 2025, que é de crescimento de 12% no faturamento em relação a 2024”, ressaltou Arruda.
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