Indígenas invadem área para impedir construção de condomínio de luxo

Indígenas guarani-kaiowá invadiram terreno em Dourados, lindeiro às aldeias Jaguapiru e Bororó, para impedir a construção de condomínio de luxo. Um grupo com 15 pessoas ocupou o local na madrugada desta sexta-feira (dia 7).

“Essa área está em estudo [de terra indígena] e nós avançamos porque a Corpal não pode mais fazer isso. Não era para entrar ali, mas a construção do muro foi aumentando. Eles têm tudo na mão e acham que nós não temos poder. Nós avançamos e vamos combater o que estão querendo faze na nossa aldeia”, afirma Magno de Souza, que foi candidato a governador pelo PCO.

Durante a campanha eleitoral, o Campo Grande News mostrou que o ex-candidato mora num acampamento precário e cercado por jagunços.

Juntas, a Jaguapiru e a Bororó formam a Reserva Indígena de Dourados, que há muitos anos se tornou um bairro pobre com todos os problemas da cidade e sem qualquer infraestrutura.

No último dia 14, o MPF (Ministério Público Federal) requereu informações à empresa Corpal Incorporadora e Construtora. O motivo foi porque a “comunidade está preocupada com existência de uma obra em execução na área reivindicada como tradicional indígena”.

Oficialmente, a Reserva de Dourados foi criada em 1917 com 3.600 hectares. Entretanto, os indígenas afirmam que na época as áreas ocupadas por seus antepassados eram bem maiores e chegavam à barranca do Rio Brilhante.

Com a ampliação do perímetro urbano de Dourados em 2011, sítios e chácaras passaram a dar lugar a condomínios fechados de alto padrão. Atualmente, fica ali o metro quadrado mais caro da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.

Ao Campo Grande News a Corpal Incorporadora informou que paralisou totalmente as obras no dia 29 de março, “após tomar conhecimento da requisição de informações encaminhada pelo Ministério Público Federal”.

A empresa também afirmou que fará todos os esclarecimentos para resolver as questões levantadas pelo órgão. “Desde a aquisição, todas as ações relacionadas ao terreno em questão seguem rigorosamente as legislações em vigor e que possui todas as autorizações e licenças exigidas pelos órgãos responsáveis para a construção do empreendimento. Destacamos, também, que mantemos contato permanente e diálogo aberto com representantes das comunidades indígenas residentes em áreas no entorno de seu empreendimento”, disse em nota.

 

Fonte: Campo Grande News