Moçambique
Atenção: texto escrito por Ana Célia Castro (Diretora do CBAE-UFRJ), Beatriz Bissio (Professora da UFRJ) e Denise Paiva (Consultora da FIOCRUZ)
Comemorar os 50 anos da Independência de Moçambique no Brasil, em particular no Colégio de Altos Estudos da UFRJ, representa muito mais do que a celebração de um momento tão significativo da história desse país. É um ato de reconhecimento da profunda conexão que une nossas duas nações, forjada ao longo da história e alicerçada na irmandade das nossas culturas e nos valores que defendemos para a Humanidade.
A independência de Moçambique, alcançada em 1975 após séculos de opressão colonial, ecoa profundamente na alma brasileira porque espelha a própria luta do nosso povo por soberania e autodeterminação. Celebrar esta data é prestar homenagem à bravura do povo moçambicano, que, apesar dos desafios, preservou sua rica e diversificada herança cultural: a vibrante música marrabenta, a colorida dança tufo, a cativante literatura, a saborosa culinária, mistura de influências africanas, portuguesas e asiáticas. Uma cultura que em muitos aspectos se entrelaça com as nossas próprias raízes culturais.
A comemoração também nos inspira uma reflexão crítica sobre os desafios compartilhados no passado e no presente. A luta contra o colonialismo, o racismo, a fome, a desigualdade social, são legados históricos que persistem tanto no Brasil quanto em Moçambique. Ainda hoje ambos os países enfrentam o desafio de garantir o acesso à educação e à saúde para todos os cidadãos, de fortalecer as instituições democráticas e de promover o desenvolvimento sustentável.
Mas, esta celebração tem, também, um significado ainda mais profundo: lembremos que durante os “anos de chumbo” da ditadura militar no Brasil, Moçambique estendeu a mão a muitos brasileiros que lá buscaram refúgio político. Esse gesto de solidariedade do povo moçambicano jamais será esquecido. Ao celebrar sua independência, expressamos nossa gratidão e reconhecimento à importância que teve naquele momento a acolhida aos perseguidos no nosso país. O evento foi pensado como uma oportunidade de relembrar e celebrar essa solidariedade através de depoimentos de brasileiros que foram acolhidos em Moçambique ou que viveram experiências memoráveis no país irmão.
Ao celebrarmos a independência de Moçambique aqui, no CBAE/UFRJ, reafirmamos o compromisso da nossa Universidade com a construção solidária de um futuro mais justo e próspero para brasileiros e moçambicanos.
Finalmente, comemorar os 50 anos da Independência de Moçambique no Brasil é um convite para ampliar ainda mais o intercâmbio científico, cultural, profissional e a cooperação econômica que já existe entre os dois países. Essa cooperação já se manifesta em diversas áreas, com instituições brasileiras como a Fiocruz, que atua em Moçambique em projetos de pesquisa e desenvolvimento na área da saúde; a Embrapa, que compartilha tecnologias e conhecimentos para o desenvolvimento da agricultura tropical; e diversas universidades federais, que mantêm programas de intercâmbio de estudantes e pesquisadores com instituições moçambicanas. Através da expansão dessas e de novas parcerias em áreas como educação, pesquisa, tecnologia e infraestrutura, podemos impulsionar o desenvolvimento sustentável e criar novas oportunidades para ambas as nações. É um momento para reafirmarmos nosso compromisso com a solidariedade internacional e a construção de um mundo mais justo, igualitário e pacífico, onde todos os povos possam viver com dignidade e respeito.
Comissão Organizadora
Ana Célia Castro (Diretora do CBAE-UFRJ)
Beatriz Bissio (Professora da UFRJ)
Denise Paiva (Consultora da FIOCRUZ)
Outras informações.
Fiocruz:
A Fiocruz tem uma longa história de colaboração com Moçambique no combate ao HIV/AIDS. Um dos projetos mais importantes é o apoio ao desenvolvimento de capacidades locais para o diagnóstico, tratamento e prevenção da doença. Isso inclui a formação de profissionais de saúde, o fortalecimento de laboratórios e a implementação de estratégias de prevenção.
A Fiocruz também realiza pesquisas em Moçambique sobre doenças negligenciadas, como a malária e a tuberculose, buscando desenvolver novas ferramentas de diagnóstico e tratamento.
Embrapa:
A Embrapa desenvolve em Moçambique o projeto “Mais Alimentos Internacional – Moçambique”, que visa aumentar a produção de alimentos em Moçambique, através da transferência de tecnologias e conhecimentos desenvolvidos pela Embrapa para a agricultura tropical. Isso inclui o desenvolvimento de variedades de culturas adaptadas às condições locais, a implementação de práticas de manejo sustentável do solo e o apoio à organização de cooperativas de agricultores.
Outro projeto é o de “Capacitação de Técnicos e Agricultores”: A Embrapa oferece cursos de capacitação para técnicos e agricultores moçambicanos, visando o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos para aumentar a produtividade e a sustentabilidade da agricultura local.
P.S O Evento será presencial com transmissão pelo canal do CBAE no Youtube www.youtube.com/cbaeufrj será às 18h00, na quarta-feira 25 de junho de 2025.
Endereço – Av Rui Barbosa, 762 Flamengo, Rio de Janeiro, RJ
