Água em condomínio: individualizar consumo é polêmica que divide opiniões em Campo Grande

individualizar consumo é polêmica que divide opiniões em Campo Grande

Desde 2016, a Lei nº 13.312/2016 estabelece que construtoras devem entregar condomínios com estrutura para a individualização do consumo de água, mas a decisão de separar ficar a cargo dos moradores. Deixar de ratear a conta é uma maneira de fazer justiça, mas pode gerar aumento dos custos aos condôminos.

Síndico profissional, Wilson Pires explica que normalmente quando um condomínio novo é entregue a água é comum e o valor rateado entre todos os moradores. Porém, é comum o tema virar briga entre os moradores, devido aos altos valores da . Em outros casos, o condomínio pode chegar a ficar inadimplente devido ao não pagamento da conta de água.

Quantos problemas começam a acontecer, o assunto é levado para a assembleia e os moradores votam pela individualização, ou não, da água. Caso a maioria aprove, a decisão é registrada em ata, em cartório e o projeto de individualização segue para aprovação da concessionária de água da cidade.

Estando tudo certo, o próximo passo é cada morador adquirir seu hidrômetro e assinar contrato individual com a concessionária. Em sua carreira como síndico, Wilson auxiliou na individualização da água em nove condomínios.

“Para o condomínio é ótimo porque deixa de ratear as despesas, e para o morador é bom porque a conta fica justa. Mas fica mais caro sim, não tem como fugir disso devido ao pagamento individual dos impostos”, explica o síndico.

Relação de amor e ódio

A individualização da conta de água gera alguns benefícios aos moradores, como a economia na taxa do condomínio, valorização do imóvel e  de algumas discussões nas reuniões do prédio. Por isso, há quem ame e prefira dividir o valor conforme consome, mas também tem moradores que não apoiam.

Supervisora em um laboratório, Pamela Cristina dos  é moradora do condomínio Castelo de Moura, inaugurado há três anos e que há um ano aprovou a individualização da água. Apesar de proporcionar justiça, ela afirma que viu o valor da conta triplicar no período.

“Quando eu adquiri o apartamento a promessa é de que a água estaria inclusa no valor do condomínio, mas infelizmente não foi o que aconteceu e há um ano individualizamos a água. Não tivemos benefícios, porque antes pagávamos em torno de R$ 70 por mês cada em relação à água, mas hoje minha realidade é uma conta de R$ 250 por mês”, afirma Pamela.

Ela conta que mora com os dois filhos e os três passam a maior parte do dia fora de casa, como pesou muito no bolso, ela não aprova a individualização. O preço mais alto se deve a individualização das taxas. Além disso, o custo do hidrômetro individual é de R$ 288 por pessoa.

Mas há quem defenda pela justiça social que a individualização proporciona. “Se eu moro com cinco filhos num apartamento e tenho uma vizinha que vive sozinha, ela pagará boa parte do meu gasto. O medidor individual inibe isso e gera um tipo de justiça social”, diz o empresário, João Fernando Serrajordia Rocha de Mello, 34.

Responsabilidade e uso consciente

O síndico do condomínio Parque dos Jatobás, em Campo Grande, Renato Roberto Rodrigues, 41, teve uma experiência vantajosa com a mudança, principalmente durante as reuniões de condomínio.

“Eu tentei várias ações de redução antes de seguir com individualização do consumo. Tem quem reclame, mas é sempre uma situação de quem consome muito e pagava pouco, no rateio de forma igual, ou algum vazamento que não foi tratado, gerando desperdício de água”, finaliza.

“A individualização garante que cada morador pague exatamente pelo que consome. Isso não apenas incentiva a consciência no consumo, como também elimina as injustiças de um morador que raramente está em casa pagando o mesmo valor de alguém que faz uso intenso dos recursos”, explica o gerente de individualização, Fernando Oliveira, 35 anos.

Fonte: Midiamax